Efeitos Biológicos




Segundo a Comissão internacional para a Protecção Contra as Radiações Não-Ionizantes (ICNIRP), os campos magnéticos são considerados demasiado intensos quando ultrapassam os 100x10-6 T, já os campos eléctricos são considerados intensos quando ultrapassam os 5x103 V/m.

Todos os seres encontram-se sujeitos a campos magnéticos, sejam eles artificiais (produzidos pelo homem) ou naturais (por exemplo a radiação solar).


No planeta Terra, a intensidade do campo magnético natural é variável, possuindo o valor mais alto no equador, 60 x10-6 T, e o valor mais baixo nos polos, 30x10-6 T, já em Portugal, o valor médio da intensidade do campo magnético é de 44 x10-6 T, o campo eléctrico natural tem como valor médio os 130 V/m mas com trovoada pode atingir um valor médio de 40x103 V/m.



Os efeitos dos campos eléctricos e magnéticos nos seres humanos encontram-se em estudo, pois não existem dados concretos para todas as patologias. Há diversas investigações a decorrer para tentar conhecer esses efeitos.

Doenças como a leucemia, tumores, depressões, doenças cardiovasculares e degenerativas, têm sido as zonas mais importantes do estudo epidemiológico. A epidemiologia é uma ciência que examina diversas doenças tendo como objectivo compreender se existe ou não relação entre agentes ambientais, diversos comportamentos humanos e modos de vida com o surgimento de determinada patologia. Assim, a partir dos dados recolhidos e apos a sua interpretação minuciosa dos resultados conseguem chegar a alguma conclusão.

Os primeiros efeitos sentidos pelo ser humano quando está exposto a radiações são os efeitos térmicos, ou seja, o aumento de temperatura mas, para além do aumento da temperatura verifica-se a existência de outros efeitos, denominados efeitos não térmicos.

Não existem dados recentes e credíveis, relativamente aos possíveis efeitos dos campos electromagnéticos no ser humano, pois de acordo com as nossas pesquisas todos os dados tinham mais de 10 anos. Para além disso muitos dos estudos são realizados em animais e a conversão para os humanos pode não ser considerada 100% credível.


Especula-se que a longa exposição a campos electromagnéticos podem estar associados a doenças como algumas formas de cancro, defendendo que estas são as causas desta doença. Mas todos os estudos realizados até hoje ainda não conseguiram provar ou desmentir esta relação entre causa e efeito.



Efeitos térmicos

Tal como já foi referido o efeito térmico manifesta-se através de um aumento da temperatura dos tecidos corporais, devido à exposição a radiações electromagnéticas, que são absorvidas pela água que se encontra contida no interior dos tecidos.


À partida quando se dá o aumento da temperatura, esta é restabelecida através de um conjunto de mecanismos do nosso organismo. Mas esta reposição tem limites e, a partir de determinada intensidade da radiação o corpo já não consegue responder da forma mais indicada.

Uma das zonas do corpo humano termicamente mais vulnerável são os olhos, pelo facto de terem uma irrigação sanguínea reduzida e possuírem, assim, menos capacidade para remoção dos aumentos de temperatura, podendo conduzir à formação de cataratas em situações de exposição aguda muito intensa.

Os efeitos térmicos verificam-se mais com o uso dos telemóveis visto que as radicações emitidas por estes terem maior frequência, subtema explorado em Efeitos não térmicos




Efeitos não térmicos

Para além dos diversos efeitos térmicos, existem outros que resultam da exposição a radiações de intensidades inferiores, quando comparadas com aquelas que levam ao aparecimento dos efeitos térmicos.

O bom funcionamento do nosso corpo é assegurado por uma diversidade de processos específicos que são altamente sensíveis a determinadas intensidades, consoante as características de determinado individuo que se encontra exposto a radiações electromagnéticas, sendo as crianças o grupo mais sensível a esta exposição. Deste modo, o nosso organismo pode, potencialmente, sofrer variadas interferências que são causadas pelas radiações presentes em diversos aparelhos utilizados dia-a-dia pelo ser humano.

Quando ficamos expostos de forma prolongada a radiações, estamos sujeitos a acarretar alguns riscos para a nossa saúde como por exemplo, aparecimentos de tumores na tiróide, principalmente nas crianças, devido à absorção de radiação por parte desta, diminuição do número de hemácias e de plaquetas e dos glóbulos brancos e a possibilidade de sangramentos espontâneos. No entanto, quando nos referimos a exposições curtas podemos contrair algumas náuseas e/ou queimaduras.

Estudar este tipo de efeitos e posteriormente avaliá-los não é tarefa fácil, pois são levantadas diversas dificuldades, como por exemplo:

  • Como os estudos são realizados em animais, não podem ser dados como 100% correctos nos humanos;
  • A comunidade científica divide-se, pois há a posição daqueles que estão a favor da existência de efeitos não térmicos, enquanto outros afirmam o contrário.



Mas, apesar de todas estas dificuldades, existe sempre um grande número de estudos a serem realizados em áreas como por exemplo:

·         Efeitos na saúde em geral;

·         Efeitos causados pelo uso de telemóveis.

·         Efeitos que poderão surgir no feto durante a gravidez;

·         Efeitos na visão;

·         Efeitos a níveis cancerosos;

·         Entre outros.



Saúde em geral
Sintomas como ansiedade, náuseas, cansaço ou depressão são associados à exposição de determinado individuo a campos electromagnéticos, embora essa relação ainda não tenha sido provada.


Uso de telemóveis

Apesar dos telemóveis emitirem radiações com frequências superiores às que nós estamos a estudar, achámos que seria bom mencionar estes.


Com o aparecimento dos telemóveis veio também as preocupações com as radiações que estes produzem e o efeito que poderiam ter no nosso corpo. Até à data não se conseguiu ainda provar definitivamente efeitos nocivos directos na saúde humana por parte das radiações dos telemóveis, mas todos os estudos que foram feitos são ainda recentes e de curto tempo de exposição, logo não há ainda certezas em relação a períodos de longa exposição.


A gama de frequências em que os telemóveis funcionam está inserida é a das radiações não ionizantes, isto é, não têm a capacidade de produzir iões, directa ou indirectamente (de que resultam lesões da estrutura do material biológico), ao contrário das gamas de frequências ionizantes, como é o caso dos raios X, que provocam a ruptura das ligações químicas das moléculas.

Os estudos que têm mostrado efeitos nocivos para a saúde humana, apontam para o efeito dos telemóveis na quantidade e qualidade do esperma. Por exemplo: o uso do telemóvel no bolso das calças tem mostrado afectar os testículos e a contagem de espermatozóides.

Outro dos efeitos mais observáveis das radiações produzidas pelos telemóveis é o aquecimento. Qualquer pessoa que alguma vez utilizou o telemóvel durante uma longa conversa, de certeza que reparou na temperatura da sua orelha. O aumento da temperatura dos tecidos da orelha deve-se às radiações.

Verifica-se também estas radiações relacionadas as dores de cabeça crónicas e a perda de memória, especialmente com o uso de telemóveis, mas não se sabe se estes são uma causa definitiva.


Efeitos no feto durante a gravidez

Os estudos realizados até hoje, não mostram haver qualquer tipo de relação causa/efeito entre a intensidade dos campos electromagnéticos e más formações no embrião durante a gravidez. Verificam-se alguns casos ondes os dados aparentam apontar para uma possível relação mas, no entando, a comunidade cientifica ainda não está em acordo com esta afirmação, pois existem inúmeros factores externos que podem levar à existência de más formações.



Efeitos na visão/cataratas


Diversos trabalhadores que se encontram expostos a elevados níveis de intensidade dos campos electromagnéticos e que posteriormente contraem cataratas, afirmam a existência de uma relação de causa/efeito entre estas duas situações. No entanto, os estudos realizados em animais demonstram o contrário.




Efeitos a níveis cancerosos/hormonas


Até aos dias de hoje, os estudos relacionados com o desenvolvimento de cancro em seres humanos verificam que estes não se encontram associados a campos electromagnéticos de muito baixa frequência.



Tal como foi referido, não existem provas concretas que provem que campos electromagnéticos de frequência extremamente baixa tenham efeitos nas células humanas (como nas radiações ionizantes que quebram as ligações e produzam iões) mas ainda há estudos a ser efectuados.

A única forma de cancro que a OMS considera estar verdadeiramente relacionada com os campos electromagnéticos é a leucemia infantil, mas as provas são muito baixas e limitadas. A única prova para isto é um estudo realizado nos Estados Unidos onde se comparava o número de crianças com leucemia infantil num dado período de tempo com o número esperado de casos previstos, tendo em conta a proximidade de várias das crianças afectadas a CEMEBF (Campos Electromagnéticos de Extrema Baixa Frequência). Este estudo não se tratava de um estudo laboratorial e havia vários factores, não podendo limitar e determinar os campos magnéticos como os verdadeiros causadores deste tipo de cancro. No entanto, foi este estudo que provocou o interesse pelo estudo da relação entre os campos electromagnéticos com a leucemia infantil, levando a um “surto” de estudos onde alguns dos resultados apontavam para nenhuma relação entre os campos e a leucemia infantil e outros onde os resultados apontavam para uma relação de causa-efeito.


Algo interessante que se verificou foi a influência das radiações nas hormonas, especialmente na melatonina (hormona que ajuda a regularizar os nosso ciclos de Noite-Dia). Esta hormona tem mostrado estar relacionada com a protecção contra o cancro da mama, mas as radiações diminuem a concentração desta hormona no corpo humano inibindo a sua produção, que por sua vez, parece levar a um maior numero de afectados pelo cancro da mama (pessoas com cancro da mama apresentam apenas 1/10 de melatonina do que uma pessoa normal apresentaria). Segundo estudos realizados, só o facto de uma pessoa dormir perto de um aparelho sem fios (telemóveis) ou até mesmo relógios digitais diminui seriamente os níveis de melatonina.

Noutras hormonas: verifica-se que estas radiações fazem variar os níveis de diversas hormonas presentes no organismo como por exemplo: aumento do estrogénio e a diminuição da testosterona.

A Organização Mundial de Saúde não afirma nem desmente a possibilidade dos campos magnéticos de baixa intensidade possam estar relacionados com algumas formas de cancro, embora ainda não haja resultados conclusivos. Em relação aos efeitos cancerígenos devido aos campos electromagnéticos, a posição da OMS é (extraída da monografia publicada em Junho de 2007):

“Para além dos efeitos agudos estabelecidos, há incertezas sobre a existência de efeitos crónicos por parte dos Campos ElectroMagnéticos de Baixa Frequência (CEMEBF), devido às limitadas provas existentes sobre a relação entre a exposição aos campos magnéticos da corrente e a leucemia infantil. Por conseguinte, autoriza-se o uso de medidas precaucionais. Contudo, não se recomenda que os valores-limite nos guias de exposição se reduzam a qualquer nível arbitrário em nome da precaução. Tal prática mina o fundamento científico sobre o qual os limites são baseados e é provável que seja uma maneira dispendiosa, e não necessariamente eficaz, de fornecer protecção.

É razoável e autoriza-se que se realizem outros procedimentos precaucionais apropriados à redução da exposição. No entanto, a energia eléctrica comporta óbvios benefícios para a saúde, sociais e económicos, e as medidas precaucionais não os devem comprometer. Além disso, dada a fraqueza das provas de uma ligação entre a exposição aos campos magnéticos da corrente e a leucemia infantil, assim como o seu impacto limitado na saúde pública se houver essa ligação, os benefícios para a saúde da redução da exposição não são claros. Por conseguinte, os custos das medidas precaucionais devem ser muito baixos. Os custos da redução da exposição variarão de país para país, tornando muito difícil promover uma recomendação geral que equilibre os custos com o potencial risco dos CEMEBF.


Considerando o exposto, são feitas as seguintes recomendações: 

  • Os políticos devem estabelecer guias para a exposição aos campos electromagnéticos de baixa frequência tanto para o público em geral, como para os trabalhadores. A melhor fonte de orientação, tanto para os níveis de exposição como para os princípios de avaliação científica, são os guias internacionais.

  • Os políticos devem estabelecer um programa de protecção contra os CEMEBF que inclua medições dos campos de todas as suas fontes, de modo a garantir que os limites 35 de exposição não sejam excedidos tanto para o público em geral, como para os trabalhadores.

  • É razoável e autoriza-se a implementação de procedimentos precaucionais de muito baixo custo para reduzir a exposição, contando que os benefícios para a saúde, sociais e económicos da energia eléctrica não sejam postos em causa.

  • Os políticos, os planificadores e os fabricantes devem implementar medidas de muito baixo custo ao construírem novas instalações e ao projectarem equipamento novo, inclusive electrodomésticos.

  • Devem ser consideradas mudanças nas práticas de engenharia para reduzir a exposição aos CEMEBF gerados por equipamentos e dispositivos, desde que elas rendam benefícios adicionais, tais como uma maior segurança, ou um custo pequeno ou nulo.

  • Quando se considerarem mudanças nas fontes existentes de CEMEBF, a redução dos CEMEBF deve ser considerada em simultâneo com os aspectos de segurança, fiabilidade e economia.

  • As autoridades locais devem reforçar os regulamentos que tratem de cablagens, de forma a reduzir correntes à terra involuntárias na construção de novas instalações ou na calibragem de existentes, ao mesmo tempo que mantêm a segurança. Medidas pró-activas para identificar violações ou problemas em cablagens existentes seriam caras e provavelmente não justificadas.

  • As autoridades nacionais devem realizar uma estratégia eficaz e aberta de comunicação para permitir a tomada de decisões informadas por todas as partes interessadas; isto deve incluir informação sobre como podem os indivíduos reduzir a sua própria exposição.

  • As autoridades locais devem melhorar a planificação de instalações emissoras de CEMEBF, incluindo uma melhor consulta entre a indústria, o governo local e os cidadãos, ao localizarem as fontes principais de emissão de CEMEBF.

  • Os Governos e a indústria devem promover programas de investigação para reduzir a incerteza das provas científicas dos efeitos sobre a saúde da exposição aos CEMEBF.”


Outros dos efeitos a ser estudados são, por exemplo, efeitos psicológicos e hipersensibilidade,…


Em suma :

Para a maior parte dos casos referidos observa-se que em todos eles não existem, ainda, provas cientificas que demonstrem que as radiações electromagnéticas são as responsáveis pela maior parte, dificultando o nosso trabalho com os dados que possuímos, faremos a melhor análise possível de todos os dados recolhidos.

Uma das grandes dificuldades a nível científico é a enumeração dos efeitos, pois a sua avaliação é muito subjectiva, o que faz com que a comunidade científica não seja unanima, gerando, por sua vez, duas vertentes.

Será necessário continuar a investigar os efeitos dos campos electromagnéticos?

Sim, pois cada vez estamos mais rodeados de aparelhos que contêm este tipo de campos e, todos estes aparelhos, nos dias de hoje, são indispensáveis, sendo quase impossível não estar sobre o efeito destes ditos campos e, visto que os seus efeitos são quase totalmente desconhecidos nos humanos é necessário descobrir quais os efeitos na nossa saúde.


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